Só te soube dizer agora
que não foi assim tão na boa
trocar passeio para o sol demora
vou ser sempre a mais nova
até deixar de ser
Com que então foi à toa
que vieste para a Madragoa
Com que então foi à toa
que ficaste pela Madragoa
Se já tens tanto
não te puxes p'ro meu canto
Só te soube dizer agora
que não foi assim tão na boa
trocar passeio para o sol, demora
vou ser sempre a mais nova
até deixar de ser
Sem desforra vou cantar
Já não sou bem eu aqui
No chafariz esmeralda
Terra é terra até ao mar
Ja perdi o verde rasto
À idea de cá estar
Quanto mais tento mais te afasto
Sonho um dia a recordar:
É Natal,
É Natal eu vou tar bem
É Natal,
Com mais um pai e a minha mãe
(x2)
Opá fiquei bué triste de não te ver
Ya pois
É que amanhã vou voltar para Amesterdão e tal...
é como as andorinhas!
Podíamos ter ido comer um gelado,
partilhar a bicicleta,
ir ver o mar...
Olha, acho que a carta do teu aniversário nunca te chegou, não é?
Ya, não tem mal,
mas é pena.
Ainda chega daqui a muitos anos
e se calhar até nos faz muito mais sentido.
É isso,
já vi que só dá para estarmos juntas quando não está frio.
Eu queria o Natal agora,
Eu queria o Natal agora oooh,
Eu queria o Natal agora,
Eu queria o Natal agora oooh… oooh
about
"Há três anos, quando fui estudar para Amesterdão, ofereci ao Manel (Primeira Dama) todas as minhas canções que ficaram por gravar. Foram minhas ao escrevê-las no meu quarto de adolescente, depois, ficariam dele e, finalmente, de quem as fosse ouvir. Era esse o plano. Desprender-me delas fez-me mais leve, permitindo-me começar algo do zero. Foram feitos arranjos novos e tocadas ao vivo, mas mantiveram-se em pausa.
Desde então, entendi também que precisei destes anos para me distanciar da Canção, perceber de que outras formas é que queria contar histórias, confirmar que, quase sempre, dependo da energia e generosidade de todes à minha volta para poder ser verdadeiramente eu.
Nos últimos dias de 2020, aquando duma countdown fictícia de mudança, o Manel e eu encontrávamo-nos de bicicleta a meio caminho entre Santos e Algés. Ele, de capacete, leggins e kit de chaves de fendas e eu, de telefone na mão e sem luzes. Recordámos a alegria de noites intermináveis com a Xita Records e as dores de crescimento. Daí, prometemos passar um fim-de-semana juntos no estúdio, do qual surgiu Madragoa Dreams, um single duplo.
A Madragoa (Até Deixar de Ser) foi composta em 2018. Hoje, canto-a a pensar sobre as possibilidades de habitar palavras, coragem para quebrar ciclos e descer a Travessa do Pasteleiro a correr. A Janelas Verdes Dreams tem o título emprestado à receita do cocktail esmeralda que Antonio Tabucchi descreve no seu Requiem. É uma canção de natal-pós-natal a subir aos telhados com uma mensagem de voz sobre ser como as andorinhas.
O grafismo é do Tomás Queiroz, que tão bem nos entende e acompanha.
Fico feliz em partilhá-las convosco e continuar a acreditar nesta adolescência eterna - até deixar de ser!"
-Lucía Vives
Janeiro 2021
Madragoa (Até Deixar de Ser):
Letra e música da Lucía Vives;
Arranjo da Primeira Dama.
A Lucía tocou baixo, guitarra e percussão, a Primeira Dama tocou baixo, percussão, beats e teclados e o João Raposo tocou a guitarra de doze cordas. Todos fizeram vozes.
Janelas Verdes Dreams:
Música e arranjo da Primeira Dama;
Letra da Primeira Dama e da Lucía Vives.
A Primeira Dama cantou, tocou teclados e fez o beat com a ajuda do Martim Brito, a Lucía Vives declamou, o Adriano C de Crochê tocou o baixo e o Alexandre Oriano tocou a guitarra de doze cordas.
Produzido pela Primeira Dama no seu estúdio, que é na verdade do Filipe Sambado.
Misturado e masterizado pelo Miguel “Chinaskee” Gomes.
Capa e grafismo pelo Tomás Queiroz, a partir de uma fotografía da Lucía Vives.
The band's latest project includes twenty-eight new short songs that clock-in at no longer than just under three minutes. Bandcamp New & Notable May 15, 2020
Grizzly Bear’s classic debut gets a 15th anniversary vinyl reissue, with a digital companion featuring a bevy of remixes. Bandcamp New & Notable Jan 12, 2020